Agora que as crianças dormiram
Alguns adultos estão “brincando”.
As folhas continuam caindo,
Mas os poetas morreram.
Os cachorros não param de latir
E um bebê acabou de acordar.
É meia-noite.
As rosas murcharam.
Não sei se anoiteceu em Porto Alegre.
Sei que aqui está tudo escuro.
As cores se apagaram.
Já não existe alegria.
Vai cair uma garoa fina.
A cidade está em chamas.
O vento abriu minha janela.
Eu já estou molhado.
O bar da esquina está fechado,
A porta do seu quarto também está.
Sei que o mundo gira
Mas nunca tive vertigem.
Diamante e grafite são primos distantes.
Química orgânica é um saco.
Sinto seu perfume
Mas não ouço sua voz.
Está chovendo forte.
As paredes estão cheias de mofo.
Por favor, não pare!
Eu já estou quase gozando.
Agora eu ouço uma canção.
Você acende um cigarro.
Finalmente terminamos.
Estou exausto.
Não sou um poeta
Mas já aprendi a fingir.
(Ray_Sousa 11/02/10)